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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Identifique-se 2



Fotos tiradas do Google, com personagens fictícios....
             De Quem Menos Se Esperava...
   Olá, eu me chamo Aleph, hoje é meu aniversário de 18 anos, estou escrevendo para contar uma coisa que aconteceu comigo. Mas isso você já devia imaginar. Queria passar uma lição, preste bem atenção no que eu vou falar, a história que você está lendo é sobre ela.
   Quero mostrar para você que não se deve julgar ninguém, nem pensar que aquela pessoa na qual você nem convive, e já odeia é insignificante. No meu caso ela foi minha salvação. Eu estou falando da Letícia minha namorada. E estranho pensar que um dia ela foi uma peso na minha vida.
   Vou contar tudo de um jeito resumido por que penso assim. Vou começar voltando a um ano atrás...
   Eu fazia o terceiro ano do ensino médio na melhor escola particular do país. Sou de uma família milionária, todos meus antecessores foram advogados importantes, e eu pretendia seguir o mesmo caminho. Não gostava daquilo mas meu pai queria e eu não iria desapontá-lo.
   Bem, eu era digamos o líder de tudo. Não só da minha turma, mas também de toda a escola. Todos queriam ficar perto de mim. E eu gostava de ser o centro das atenções, tinha a namorada mais bonita, o pai mais rico, as roupas mais caras, em tudo eu estava em primeiro lugar.
              
   Na escola tudo era perfeito, eu adorava ver os meninos com inveja de mim, principalmente o Guilherme. O cara era doido para ter a minha vida, mas ele próprio que não se dava valor. Mas ele nunca foi muito problema, quer dizer, até certo dia... Mas isso depois eu falo com o passar da história. Meu problema de todos os dias se chamava Letícia Navarro pessoal a garota me infernizava. Ela não me deixava em paz, para falar a verdade nem eu deixava ela. A pior briga foi quando ela decidiu colocar um rato na bolsa da Graziela, minha namorada.
    Meu deu vontade de esganar aquela garota, tanto que veio até a cena em minha mente... Eu ia preso e tudo, mas para mim aquilo valia a pena. Mas que imaginação a minha não? Bem, a Grazzi passou horas berrando no meus ouvidos, no fim das contas eu já estava com vontade fazer ela comer o rato para morrer logo e me deixar em paz.
    No dia seguinte a Grazzi foi tirar satisfações com e Letícia mas acabou levando uma surra na frente de toda a escola, Coitada passou dias sendo zoada. Mas para falar a verdade nem eu agüentaria ficar sem fazer nada depois de tudo que a Grazzi falou. Chamou a outra de sem vergonha, vagabunda e marginal, isso por que a Letícia tinha um visual tipo “Tô nem ai para o que você pensa” as vezes usava roupas rasgadas a faca. Aquela altura eu nem imaginava o que estava por vir.
                     
   Depois da briga com a Grazzi eu fiquei furioso com a Letícia, é que antes eu não entendia ela. Então no fim da aula quando estávamos fora da escola eu fui falar com ela, na verdade eu queria acertar as contas. Pisei na bola feio. Estava cheio de alunos na frente do colégio, eu esperei ela sair, quando ela apareceu, puxei-a pelo braço. Falei um monte de besteira pra garota. Talvez tenha pegado mais pesado que a Grazzi. Eu fui um idiota. Acho que ela ficou magoada, no começo, deu uma de forte e quis me bater, mas falei que ela não era de nada, que era um zero a esquerda, ai sim ela não agüentou e ficou segurando as lagrimas para não chorar.
- Olha quem fala, o mauricinho de nada. Aleph só pelo nome já dá pra ver que vem besteira. Você é um idiota que só vive pelos outros... Você vive pra agradar as pessoas que vivem ao seu redor cara. Antes de falar de mim, que eu sou um zero a esquerda e tudo mais... Olha pra você, você é uma fraude. E não me julga, você não me conhece. – Ela falou, em seguida pegou seu skate e foi embora.
   Passei a noite pensando no que aquela maluca falou. Sabia que era tudo verdade mais não admiti para mim mesmo.
   A Letícia passou dias sem olhar na minha cara. Nem um insulto sequer. Aquilo já estava me incomodando. Talvez por que eu já estava acostumado com ela pegando no meu pé todo dia, fiquei me sentindo meio que, desprezado por isso. Na verdade eu gostava de ser o centro das atenções, nem que fosse para que me detestassem eu queria que todos estivessem direcionados a mim.
   Mas talvez, o esse negócio de eu me importar se a Letícia estava ou não se importando comigo, estivesse ligado ao fato de que ela era a única pessoa que me não me tratava como um rei.
   Isso continuou por semanas, eu não parava de pensar naquela garota um só minuto. Todos já tinham notado que eu estava diferente, e estaca mesmo, eu me irritava por tudo. Numa dessas crises de estresse acabei dando uma surra no Guilherme. Mas também ele me irritou muito, meu sangue ferveu e perdi a cabeça. O cara ainda veio me ameaçar. Falou que o que era meu estava guardado. Eu simplesmente ri da cara dele. Meus pais me deixaram de castigo, uma semana sem sair. Em pensar que aquilo tudo era por causa da pessoa que eu considerava insignificante.
   No ultimo dia de castigo, não segurei, me deu vontade de conversar com a Letícia, pulei a janela do quarto e fui até a casa dela. Dei de cara com ela dando banho no cachorro às dez da noite. Cara aquela garota era doida, mas eu me senti diferente quando vi aquilo. Fiquei olhando de longe por um tempo, ela estava conversando com o cachorro. Caraca! Eu ri muito. Mas ela viu, fez uma cara feia pra mim e não pensou muito. Colocou o cachorro pra me pegar. “Desgraçada” era só o que eu falava enquanto tentava me salvar daquele pulguento. Mas hoje eu acho tudo isso muito engraçado.
   Depois de muita correria, ela chamou o cachorro e gritou “O que você quer seu panaca?”
- Conversar. – Respondi. Ela se aproximou e falou...
- Desculpa, mas eu não estou aberta a conversas. Então se manda.
- É sério, eu preciso falar com você.
- Fale estou escutando. Deve ser uma coisa muito importante, pra o rei vir aqui falar com a maloqueira.

- É que eu queria te pedir desculpas. – Falei, esticando a mão. Ela não fez o mesmo, virou a cara e depois voltou a me olhar, enquanto eu continuava com a mão esticada.
- Me fala uma coisa. O que realmente você pretende com isso?
- Concertar um erro, e ficar com a consciência limpa. – Respondi.
- Fala logo, o que você está armando.
- Nada. Será que eu não posso me desculpar? É sério, eu confesso que peguei pesado com você, e quero me desculpar.
- Tá bom, já se desculpou. Agora vai embora.
- Tudo bem. A gente se vê na escola amnhã?
- Claro! Não tem outra saída.
- Boa noite. – Falei, mas ela ficou calada. Ah, que me deu uma vontade de matar aquela menina, eu lá me humilhando, e ela me expulsando.
   Fui direto para casa, mas não teve jeito, meu pai me viu. Mas uma semana de castigo e uma bronca enorme. Falou que não confiava mais em mim, que eu estava aprontando muito ultimamente. Perguntou até se eu estava metido com drogas. Falei que não, meu pai deveria estar maluco. Certo que ele sempre exagerou, mas pensar que estava envolvido com drogas, isso era demais.
   No café da manhã, descobri o motivo de meu pai ter falado sobre drogas comigo. É que um cara ligou para ele e falou que eu era um traficante. Vê se pode, meu pai acreditar nessas coisas. Desmenti a história claro! Ele falou que só ficou com aquilo na cabeça devido meu comportamento nos últimos dias. Falei que iria melhorar. Ficou tudo bem!
   Quando cheguei na escola Grazzi já estava me esperando. Me deu uma vontade de fugir dela, mas eu não podia fazer isso. Eu já estava percebendo que o nosso namoro havia esfriado, mas não queria terminar com ela, porque sabia que ela gostava de mim, ou pelo menos, pensava isso.
   Foi maluquice ter ido falar com a Letícia, foi isso que eu fiz quando ela passou por aquele portão.
- Oi. – Falei. Ela nem olhou pra minha cara. Passou direto. Rapidamente me meti em sua frente e perguntei se ela ainda não tinha me desculpado.
- Olha aqui garoto, você foi me encher ontem e eu já esqueci o que você me disse. Se eu falei que você está desculpado é porque ta.
- Pois não parece.
- Vem cá, eu te prometi que a gente iria ficar amiguinho por acaso?
- Não, não prometeu. Falei meio que sem jeito.
- Olha só, eu não engoli esse seu papinho de vir me pedir desculpas e depois vir falar comigo. Mas se isso for verdade, o que não me importa muito, eu quero te dizer que eu não me meto com gente que nem você e sua namoradinha, não é por nada não, só por diferença mesmo. Agora que eu tô fazendo minha parte deixando vocês em paz, eu quero você finja que eu não existo tah?
- Tudo bem, se você prefere assim.
- Prefiro. – Ela falou, em seguida saiu. Droga! Ela me magoou.
   Fiquei furioso com o que a Letícia me disse, quem aquela imbecil pensava que era para me tratar daquele jeito?
   Quando ia entrar na sala o Guilherme esbarrou em mim de propósito, quase voei no pescoço dele mas o professor mandou a gente entrar. Ah, eu ainda não contei para vocês o motivo real do Guilherme me odiar tanto. Na verdade ele o que ele queria mesmo era a Grazzi. Mas ela não gostava dele, nisso eu não podia fazer nada, para falar a verdade naquela altura do campeonato, eu queria mesmo era que ela se apaixonasse por ele de vez.

   Recebi uma mensagem no celular que me deixou intrigado. Claro que quem tinha mandado era o Guilherme, mas não tinha o número dele. A mensagem dizia assim, “Prepare-se sua hora está chegando”. Mas depois pensei que era só brincadeira idiota e apaguei a mensagem. Não era brincadeira coisa nenhuma, na hora do intervalo, vi isso. Foi justamente ai que minha vida virou um inferno. Naquele intervalo que parecia ser como qualquer outro, a diretora veio com uma história de que tinham ligado e feito uma denúncia contra mim. Perguntei o que  tinham falado.
- Bom, fizeram acusações muito graves contra você Aleph. Te acusaram de trazer droga para a escola. Na verdade eu não quero acreditar que sejam verdade, aliás eu conheço você desde criança, eu era amiga da sua mãe e não gostaria que isso fosse verdade e não acredito que seja, mas eu não posso deixar isso passar, é meu trabalho verificar...
- Eu entendo, vamos na minha sala, a senhora revista minhas coisas e acabamos logo com isso.
- Que bom Aleph, que você não se impôs. – Falou ela, em seguida pegou a chave da minha sala e fomos até lá.
   Fiz questão de entregar minha mochila para que o guarda a revistasse. Não demorou muito para ele encontrar uma barra de cocaína. Definitivamente, eu estava ferrado! Nem preciso dizer que falei mil vezes que não sabia de onde tinha vindo toda aquela droga, e você deve saber que ninguém acreditou.
   Eles não me deixaram sair, ligaram para o meu pai e depois para a polícia. Toda a escola já estava sabendo, para piorar a Grazzi fez questão de ir onde eu estava e me detonar. Eu não esperava que ela acreditasse naquilo tudo.
   Meu pai chegou e foi logo me dando sermão, estava furioso e disse que eu estava em uma enrascada. Ele botou a mão na cabeça e começou a dizer o que supostamente iriam falar dele, o que os concorrentes iriam pensar e que sua carreira estava acabada. Tentei não me desesperar, fiquei só prestando atenção como todo mundo estava me julgando. Parecia que eu havia virado um nada em, um minuto. A polícia chegou logo e disseram que eu tinha que ser levado para a delegacia, me perguntaram de onde tinha vindo tanta droga, falei que não sabia.
    Sai do colégio algemado, igual a um bandido. Dei de cara com a Letícia no corredor. Foi a pior coisa que já passei, ter que passar por todos  como um traficante.
   Nunca vou esquecer o jeito que Letícia reagiu, em primeiro momento ficou paralisada. Depois se desesperou perguntou o que estava acontecendo, me defendeu como se fosse uma pessoa muito próxima. Eu não estava entendendo o porquê de ela estar acreditando em minha inocência. Mas falei que estava bem. Daí eles me levaram para a delegacia.
   Uma serie de perguntas, e eu não podia responder nenhuma delas, nem agüentava mais meu pai falando do mal que aquilo causaria a reputação dele. Falei mais de mil vezes que não sabia de onde tinha vindo aquela droga. Meu pai em vez de me defender, ficava o tempo todo mandando eu confessar que seria melhor para meu processo. A sorte é que eu não fiquei nervoso, apenas estava muito magoado com o fato de as pessoas de quem eu gostava não acreditarem em mim.
   E aquilo durou toda a tarde. Eu quem não iria confessar nada, não estava me responsabilizando nem pelo que fazia de errado, quem diria pelo que não tinha feito. Meu pai desistiu, disse que tinha que resolver uns problemas no escritório e foi embora. Como minha mãe fazia falta, se ela estivesse comigo naquele momento, seria tudo mais fácil porque ela acreditaria em mim.
   Me levaram pra uma cela separada de outros presos. Agora era a hora de ver quem gostava de mim de verdade. Quem aparecesse para me ver seria quem gostava de mim. Na verdade esperava que a Grazzi fosse me ver, mas não foi.
   Na cela tinha um colchonete, desisti de esperar que alguém aparecesse, então peguei no sono. Acordei um tempo depois com um policial dizendo que tinha visita, nem sei que hora era, mas já estava de noite. Nem lembro o que falei acho que estava meio aéreo, pensava que era meu pai para me dar mais sermão. Mas não era, era a Letícia, cara quando vi que era ela, acordei de vez, me assustei, era quem menos esperava.
- Atrapalhei seu sono? – perguntou ela quando percebeu meu susto.
- Não, claro que não. Você acha que alguém dorme bem numa delegacia? – Falei.
- Você ta bem?
- Tô ótimo não ta vendo?... Olha aqui se veio pra jogar na minha cara eu sempre quis ser o certo e que na verdade sou um traficante, pode ir voltando eu to sem tempo.
- Ah é? E com que você tá ocupado?
- Não te interessa. – Falei, dando às costas.
- Eu vim aqui pra dizer que eu acredito em você. – Ela falou, me virei e a encarei para ver se não estava brincando. Mas parecia que não estava. Mas fingi que não acreditei.
- Ah é? E por que você acredita em mim?
- Você pensa que eu to mentindo não é? – Falou ela, meio magoada.
- Pra falar a verdade eu não acredito, ninguém acreditou, por quê você iria acreditar?
- Então fica ai sozinho. –Falou ela magoada e saiu.
   Eu acreditei, sabia que ela não estava mentindo, mas fiz aquilo por que achei que era o melhor. Eu tinha sido injusto com ela. Não merecia sua confiança.
   “O ser humano é injusto, e extremamente equivocado. Por isso sempre acaba fazendo as coisas de maneira errada. Por mais que tente agir certo, nunca terá certeza de que aquilo que está fazendo é o correto. Porque o que determina se nossas ações são o melhor ou não, não é a ação em si, mas sim o momento em que tudo acontece. Você pode achar que está fazendo a maior besteira da sua vida, logo depois pode perceber que não seria feliz se não tivesse agido daquela forma, assim como pode pensar que está fazendo tudo certo e depois se dá conta que cometeu um absurdo. Por isso precisamos fazer o que desejamos, pois ninguém jamais se arrependeu de ter feito algo que realmente queria. Deixar oportunidades passar por medo, insegurança, orgulho ou qualquer outro sentimento é a maior covardia que alguém pode cometer.”
   Escrevi isso durante o mês que passei na cadeia, sem receber a visita de nenhum amigo, ou pelo menos de pessoas que eu considerava amigos. A única pessoa que apareceu por lá foi aquela pessoa que eu tanto detestava. “A insignificante” era esse o nome pelo qual a chamei. Quem diria que eu estaria ali algum dia?
   Foi nesses dias que eu aprendi que não sou melhor do que ninguém, talvez se aquilo não tivesse acontecido eu ainda estivesse agindo como um idiota até hoje.
   Meu pai tentou de todas as formas me tirar da cadeia mas, nem sei se era por mim ou pela sua reputação, o fato é que ele não conseguiu, pelo fato de ter sido pego em flagrante, e pela grande quantidade de drogas.
   Foi muito complicado e ao mesmo tempo, proveitoso passar todo aquele tempo preso. Porque por um lado eu estava sendo acusado por uma coisa que eu nunca iria fazer, por outro eu estava aprendendo a dar o devido valor a cada coisa que eu tinha.
   Também pude perceber uma coisa que não queria enxergar, eu nunca aceitei o fato de que a pessoa de quem eu realmente gostava era a Letícia, eu sabia que eu não merecia ela mas, eu finalmente estava gostando de alguém.
                                                                  ***
   Eram aproximadamente seis da tarde. Chegara o grande dia da formatura e eu não poderia estar lá, queria tanto ver como todos estariam. Principalmente a Letícia, ah como eu queria ver ela de vestido, ri imaginando a cena. Meu pai nem havia passado na prisão para me ver, ele sabia que aquele dia seria difícil para mim, mas acho que para ele, eu não era nada. Estudei a vida toda para agradar a ele e era assim que o ele me retribuía, sem dar a mínima para como eu me sentiria.
   Mas esqueci meu pai quando o guarda me chamou para dizer uma coisa.
- Rapaz você está livre. – Falou ele abrindo a cela.
- Como assim? – Perguntei.
- Para a sala do delegado, ele te explica tudo.
    Eu estava feliz demais. Fui quase correndo.
- Bem eu sinto muito pelo que você passou Aleph, eu conheço seu pai a tanto tempo, e realmente eu fico muito contente em saber que você é inocente. Na verdade eu nunca acreditei que você fosse culpado, mas é a lei, acho que você me entende já que será advogado. – Falou o delegado.
- Eu não serei advogado. Mas como vocês chegaram a essa conclusão? – Perguntei.
- Uma pessoa ajudou nas investigações desde o principio, essa pessoa também acreditava na sua inocência e pediu para participar de tudo. Eu não podia fazer isso mas vi que essa pessoa estava realmente interessada em te ajudar e além do mais, eu nunca acreditei que você fosse culpado.
- Obrigado por acreditar em mim, o senhor não tinha a menor obrigação. – Falei.
- Não o que é isso?
- Não tinha mesmo, nem meu próprio pai acreditou.
- Entenda seu pai, ele está acostumado a ver pessoas que aparentam ser as mais honestas, mas na verdade são os piores bandidos, ele apenas se enganou.
- De qualquer forma, obrigado. Mas quem ajudou a provar minha inocência?
- Essa pessoa está te esperando lá fora. Agradeça muito a ela.
   Quem seria? Porque alguém me ajudaria? Porque alguém acreditaria em mim? A saída era ir ver quem era. Uma das melhores sensações que tive em toda minha vida, o que senti quando sai daquele lugar.
                                                            
   Uma pessoa sentada na frente de um carro, uma camioneta velha. Parecia distraída, uma linda garota, ainda não havia notado minha presença, aproveitei para observar seu jeito mais um pouco. E tentar entender o porquê de me ajudar tanto.
- Por que você fez isso Letícia? – Perguntei. Ela se virou rapidamente.
- Fiz o quê? Ajudar uma pessoa inocente? – Falou ela. Estava olhando para mim com aquele olho verde lindo, quase rindo de felicidade.
- Você deve ter se arriscado tanto pra me livrar dessa.
- Não foi nada. Valeu a pena.
- Por que valeu a pena, quem estava lá era eu?
- Você nunca vai se tocar não é garoto?
- Me tocar do quê? – Falei, como se não soubesse o que estávamos querendo.
- Ah, esquece. A gente tem uma formatura para encarar, entra ai.
- Tudo bem, mais tarde a gente vai ter uma conversa bem séria. – Falei antes de entrar no carro.
   Ela me deixou em casa para me tocar e disse que em meia hora passava para me pegar. Quando entrei em casa, dei de cara com meu pai me esperando de braços abertos. Abracei ele, para falar a verdade não estava com raiva, mas sim decepcionado. Ele falou que estava muito feliz por saber que eu tinha sido solto, e que agora eu poderia voltar aos estudos para me tornar um grande advogado como ele.
- Corta essa, obrigado por gostar de mim, mas eu não serei sua cópia. – Foi só isso que falei. Subi, tomei banho, troquei de roupa e sai.
   Letícia já estava me esperando. Estava de vestido, eu ri, mas acabei levando bolsa nas costas.
- Não ri palhaço.
- É que você está muito engraçada vestida assim. – Voltei a rir.
- E você não prefere meninas que se vestem desse jeito?
- Não, eu prefiro aquelas que se vestem como gostam, como elas realmente querem parecer. Gosto de meninas que tem personalidade, e essa não é sua personalidade. – Falei, nessa hora pintou um clima. Mas ela ficou nervosa e ligou o som. – Tem certeza que você não quer passar em casa para trocar de roupa? – Perguntei.
- Acho que o melhor a se fazer né? – Com certeza.
   Saímos em direção sua casa, planejando como iríamos provar minha inocência na frente de todo o colégio. Ela demorou pouco tempo, para se trocar enquanto isso, eu fiquei a esperando no carro. Ela veio vestida com realmente era para ser, um vestido preto não muito curto, meia preta e uma bota também preta.
- Essa é você. Está muito mais linda assim.
- A diretora vai me expulsar quando me ver assim. – Falou ela rindo.
                                                           ***
   Chegamos à escola, desci do carro e entramos de mãos dadas. Todos os olhares estavam virados para nós. O Mauricinho Bandido e a Maloqueira, era muita coisa para a cabeça daquela gente. Fiz que não estava vendo ninguém. Tinham que ver a expressão do Guilherme quando me viu. Ele ficou paralisado, mas começou a tocar uma musica legal e deixei pra lá, eu queria aproveitar a companhia. Fomos dançar.
- Já esta na hora. – Falei.
- Boa sorte agora é com você. – Falou Letícia.
    Passei pelo pessoal que não parava de olhar para mim, e subi em direção a mesa de controle. Aquilo seria divertido. Olhei onde eram os controles do telão onde passavam as fotos da turma, fui até lá e coloquei um CD.
   Começou a rodar o vídeo do Guilherme, onde ele aparecia de longe colocando a droga em minha mochila. Agora todos estavam vendo quem realmente era o vilão da história. Naquela hora todos começaram a olhar para ele, que se preparou para correr, mas os seguranças o pegaram.
   Não falei nada, desci e continuei dançando com a Letícia e todo mundo passava e sorria pra mim. Eu não cairia mais naquele papo. Grazzi apareceu lá toda linda e me chamou de longe.
- Se você quiser ir falar com ela pode ir. – Falou Letícia.
- Você acha que eu faria isso?
- Não sei você era namorado dela antes de ser preso.
- Antes você disse bem. Eu queria dar um fim no nosso namoro fazia muito tempo. – Expliquei, mas Grazzi quase implorava para ir falar com ela. – Fiquei com pena, Letícia percebeu, e falou que eu podia ir. Que a gente iria continuar sendo amigos. Decidi ir ver o que a Grazzi queria e deixar bem claro para ela que eu gostava da Letícia, ela foi me pedindo desculpas logo de cara. Chamei ela para conversarmos longe do barulho da música.
                                                            ***
- Olha eu não vou te julgar por não ter me apoiado, cada um faz o que pensa que é certo. Se você não ficou do meu lado é porque não gosta tanto de mim.
- Mas eu sofri muito por você. – Falou ela chorando. – E eu gosto de você sim.
- Não gosta não, você gosta da minha imagem, você gosta de ser popular, e eu não serei mais o mesmo, eu mudei tá bom? Eu não serei mais o cara que todos querem ficar perto. Não espere isso de mim.
- Eu amo você... – Falou ela, chorando muito. Eu a abracei e disse que eu gostava de outra garota. Mas Letícia chegou bem na hora desse abraço, entendeu tudo errado. Sai correndo atrás dela.
   Disse para deixá-la ir embora sozinha que não tinha acontecido nada. Insisti, mas ela não deixou que eu fosse com ela. Desisti, se ela não queria minha explicação não poderia fazer nada.
   Também não voltei para a festa, fui direto para casa. Chegando lá, cai na cama, pensando em tudo que tinha acontecido. Agora eu estava tão bem, sendo quem realmente quem queria ser, sem ter que esconder nada sem cobrança. Eu estava livre, e feliz, tudo graças a Letícia. Pensei e me toquei que ainda faltava uma coisa para ficar realmente bem, essa coisa estava indo embora e ela era o mais importante para mim. Faltava tão pouco e eu não podia desistir.
                                                             
   Sabia muito bem onde poderia encontrar minha felicidade, não estava longe, era só alguns quarteirões até chegar lá, corri todo o caminho. Pulei o muro da enorme casa, exausto vi minha felicidade brincando com o cachorro. Estava de costas para mim.
- Dessa vez você não pode colocar ele para correr atrás de mim. – Ela se virou.
- Abusa da sorte! – Falou ela sorrindo.
- Você não podia ter saído daquela forma.
- Ah, você queria que eu visse a reconciliação do casal de perto, eu não gosto de ser intrometida, sei muito bem quando estou sobrando.
- Você não estava. Aliás você devia ter ficado lá porque eu estava falando de você.
- Que eu te tirei da cadeia e que você queria ser meu amigo para o resto da vida por ser grato?
- Não, para você ouvir quando eu falei o quanto você é importante e que eu gosto de você como nunca gostei de ninguém. Pra você ouvir que eu não acho você insignificante. Mas você não deixou eu falar tudo isso.
- Era realmente isso que você ia falar?
- Pode ter certeza.
- O que você está esperando?
- Mas você já escutou. Você quer mais.
- Coisa lenta, você nunca vai mudar. Eu estava falando disso. – Pegou a gola da minha camisa, puxou e me deu um beijo.

Para Letícia Navarro...  “Nunca imaginei que fosse te adorar tanto garota, Você é o melhor de mim, não tem nada melhor que me divertir ao teu lado, sua família é muito divertida e liberal. Nunca vou esquecer do dia que teus pais viajaram e te deixaram em casa sozinha comigo, quando estava rolando o clima e você deixou que minha mão descesse muito além das costas, quando estávamos nos beijando, seu pai chegou e acabou com o clima, você em vez ficar toda envergonhada, mandou eu continuar, segurou minha mão. Mas ele sabe a filha que tem, foi ele quem fez essa garota maravilhosa. Ah, você nunca foi insignificante”

Dedicado a Daniele Coêlho...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Desculpas....

   Ola pessoal, estou aqui na maior cara de pau para falar que não consegui terminar o conto que prometi que iria postar segunda-feira... pois é não deu para terminar. Perdão! estou meio que sem inpiração nos últimos dias e não queria postar uma coisa sem graça, mal feita, então dei uma parada para esperar uma coisa chamada inspiração chegar.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Daqui a Uma Semana...

   Esse é o prazo que eu tenho para postar meu novo conto...
   Agora vou contar algumas coisas para vocês sobre o assunto que eu vou falar nesse conto. Para começar quero dizer que foi inspirado em um casal de uma novela. Depois de dias vendo uma amiga ficar louca pela novela Rebelde, decidi fazer uma homenagem a ela. Baseei meu conto no casal Roberta e Diego, ela ainda nem sabe, mas sei de uma coisa... ela vai pirar.
   Mas não pensem que será uma cópia da novela. Eu nunca faria isso, odeio cópias. Eu apenas me inspirei neles, digamos que há uma certa semelhança nas personalidades...
   Valeu, e já sabe né? daqui a uma semana eu posto o novo conto.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sua Opinião Vale Um Blog de Primeira...

  Aê pessoal, soube que tem muita gente acessando meu Blog, já ouvi falar coisas ótimas sobre o conto "a Primeira Vez De Um Garoto" isso é muito importante para mim. Agradeço muito pela força... quando escrevi, nem imaginava que só meu perfil chegasse a 130 visualizações em uma só semana.
  Um dia quero me tornar jornalista ou escritor. Esse foi meu primeiro passo, agora eu preciso de mais um favor! Queria que vocês adicionassem minha comunidade no Orkut e votassem nas enquetes.
  Quero muito escrever coisas nas quais vocês se identifiquem e se informem ao mesmo tempo. Pra isso acontecer preciso da opiniãode vocês. O link da comunidade é esse ai a baixo...
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=115361877

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Identifique-se...


  Todo adolescente aos seus 16 anos, só tem cabeça para pensar em uma coisa. Sua primeira vez. Comigo não era diferente, já havia projetado em minha mente um milhão de vezes como tudo aconteceria.
   Talvez fosse necessidade de homem, mas, achava que já estava preparado para encarar minha primeira transa. Você pode pensar que aos dezesseis eu já deveria ter feito tudo, mas sou do tipo de cara que espera a hora certa para fazer as coisas. E além da hora certa eu queria também que fosse com a pessoa certa, a pessoa certa eu já conhecia, o nome dela era Mell. Eu sabia que ela também nunca havia transado antes, e queria que esse momento fosse inesquecível tanto ela, quanto para mim.
   Não sei se nos amávamos, mas tínhamos uma história muito forte. Talvez as dificuldades que enfrentávamos para ficarmos juntos, fizessem com que o nosso sentimento ficasse cada vez mais intenso.
   Os pais da Mell me detestavam. E eu sabia muito bem o motivo. O problema era que eu não era o Filhinho De Papai que eles queriam para sua filha. Eu até entendia, afinal, essa reação era comum na situação que estávamos, mas, para mim também não era nada fácil. Talvez fosse difícil para eles, ver a garotinha que sempre mimaram e deram tudo do bom e do melhor, se envolver com um cara de classe social inferior como eu. Percebi isso quando eles se depararam com a Mell me dando pizza na boca, com direito a aviãozinho e tudo. Saca só como tudo começou. Estava em meu trabalho, quando ligaram pedindo pizza. Fui fazer a entrega, cheguei ao endereço, chamei pelo interfone e uma voz feminina disse que podia entrar. Entrei devagar.
 -Você pode vir até aqui na sala? – Falou a linda garota sentada no sofá. Era tão bonita que foi impossível passar despercebida, acho que fiquei com cara de bobo. Mas qualquer um ficaria diante de tudo aquilo. Ela tinha um cabelo lindo, preto, longo e liso. Aquele rosto tão bem desenhado, olhos vivos e escuros, aquele sorriso branco e espontâneo me hipnotizou. Ah, mas chega de descrição, acho que fiquei entusiasmado. Como falei, fiquei com cara de bobo, tanto que viajei para o espaço, retornei novamente ao meu planeta quando ela falou alto.
- Êi carinha da pizza, acorda.
- Ah, desculpa. – Falei, meio sem jeito.
   Entreguei a pizza, ela me pagou, não tive troco, ela falou que podia ficar com o resto. Eu ainda estava meio aéreo, parecia que nunca tinha visto uma garota bonita. E não tinha mesmo, pelo menos, não como aquela. Para terminar de destruir meus nervos, advinha o que ela fez!
- Posso te pedir um favor? – Disse ela.
- Claro! O cliente manda.
- É que meus pais saíram e eu não queria ficar sozinha. Nunca se sabe, vai que um ladrão entra aqui. – Sabia que ela não era perfeita! Ela doida de pedra. Pensei. – Mas se não puder, não tem problema.
- Não, eu posso. Essa era minha última entrega de hoje.
- Então senta aí, eu tenho uns filmes ótimos.
   Até hoje não sei o que a Mell pretendia com tudo aquilo. Só sei que ela não parava de falar, parecia uma matraca. Também não lembro de uma palavra que saiu de sua boca.
- E aí a pizza tá gostosa? – Perguntei, só para não parecer que era um mudo.
- Deliciosa. Foi você quem fez?
- Não, na verdade eu nem vejo as coisas que entrego. Meu trabalho é só entregar mesmo.
- Não vai me dizer que você nem come umas fatias em baixo da mesa ou dentro do banheiro, sei lá?
- Não. Se fizer isso é tudo descontado do meu salário.
-Nossa que chato. Você trabalha num lugar cheio de coisa boa e nem pode comer. Se fosse você eu arredava o pé. –Rimos juntos.
- Desculpa, mas eu tenho que ir. Aposto que não vir nenhum ladrão atacar você. - Falei levantando do sofá. Mas ela me puxou e falou toda autoritária
- Você não vai sair daqui sem comer um pedaço dessa pizza. – Pensei “Ela vai me matar engasgado com essa pizza, e agora?”
- Por favor, vai só um pedacinho vai. – Fazer o quê? Tive que aceitar. Então lá vinha ela com um papo de aviãozinho, e eu já estava até gostando.
- Que diabos está acontecendo aqui? – Falou uma voz grossa. Era o pai dela, nada contente com a cena. Aí você já pode imaginar a confusão.
   No dia seguinte, Mell ligou para o meu trabalho, disse que precisava muito falar comigo. Acabei topando me encontrar com ela perto da escola dela que ficava na mesma rua da minha, a diferença era que ela estudava em um enorme colégio particular, já eu, na escola pública do bairro.
   Bom! Na manhã seguinte, fui até lá. Era estranho o fato de ter pulado da cama cedo. Estava ansioso para ver a garota maluca novamente. Mas no dia nem percebi isso. Quando a avistei de longe, senti uma coisa estranha. Fiquei feliz, e o pior, não consegui disfarçar.

- Oi, obrigada por ter vindo. – Falou ela.
- É bom te ver outra vez. – Falei.
- Olha só, eu te chamei aqui para me desculpar.
- Eu quase fui demitido. Seu pai pegou pesado quando ligou pro meu trabalho. A sorte é que meu patrão pensou que era um trote. Mas tirando isso, tá tudo bem, nem precisa se desculpar.
- Você é muito legal sabia? – Falou ela sorrindo. Nesse momento já parecia uma pessoa normal.
- Mas você não me disse uma coisa. Seu nome.
- Nossa que vacilo! Eu me chamo Mellissa, mas pode me chamar de Mell.
- Prazer, eu sou Denniel, mas todo mundo me chama de Denn.
   Foi assim que nós nos conhecemos, dessa maneira maluca, mas até hoje não conseguimos nos separar.
   Certo dia, decidimos que não estávamos com saco para assistir aula. Fugimos se nossas escolas.
- Então você nunca matou aula? – Perguntou Mell
- Não. – Respondi.
- Af, você é muito certinho. Já tá na hora de parar de bancar o adulto Denn.
- Eu gosto de ser assim, eu me sinto bem, me sinto mais maduro.
- Velho você quis dizer? Você se comporta como um velho, parece que você esquece que só tem 16 anos. Sabe, eu até acho legal esse negócio de você ser responsável mas, umas travessuras de vez em quando é muito bom.
- Você é doida. – Falei rindo.
- É tão verdade que eu noto que quando faço maldade, minha pele fica mais limpa.
- Conta outra.
- É verdade travessura faz bem pra pele, você não sabia?
- Não, mas e aí? A gente vai ficar aqui em baixo dessa árvore até a noite?
- Tem alguma sugestão de um lugar que a gente possa ficar?
- Vamos pra minha casa, minha vó tá viajando. – Sugeri. Ela ficou meio que com receio, mas acabou topando. “Fica tranqüila, eu sou o cara mais respeitador do mundo.” – Foi o que falei para ela topar.
   Fomos para minha casa. Ah, eu morava com minha vó, já que meus pais viviam em outra cidade. Morar com meus pais melhoraria minha vida, mas eu preferia ficar com minha avó, ela era muito sozinha. Meu salário de entregador de pizza não era lá essas coisas, mas meu pai mandava uma mesada, e dava para me virar sem ter que pedir dinheiro a vovó. Ainda sim eu continuava sendo um duro.
   Chegamos em minha casa, eu coloquei o som para tocar. Dançamos tanto, tanto que quando paramos, caímos exaustos no chão.

- E aí, eu danço bem? – Perguntei.
- Desde quando precisa ser pé-de-valsa pra dançar música eletrônica?
- Assume, anda diz que eu danço bem.
- Never! Você é um pé de cavalo isso sim.
- Ah é? – Falei pegando uma almofada no sofá e a acertando no estômago. – Até parecíamos duas crianças brincando. Tudo estava perfeito, rolou até um clima, mas aí o celular tocou. Droga! Era o pai dela dizendo que a escola ligou e comunicou a falta.
   Fui deixar ela em casa. O velho estava furioso, me proibiu de chegar perto da Mell. Me fez prometer que nunca mais iríamos nos falar. Prometi não cruzei os dedos, mas sabia que não iria cumprir promessa alguma.

   Saí de lá aos pedaços o cara me detonou. Alguns minutos depois de toda a confusão, recebi uma mensagem no celular, era da Mell, pedindo que eu fosse na casa dela a noite, pois os pais iam sair para um jantar de negócios. Sabia que estava me metendo em roubada, mas decidi correr o risco. Aquela garota se tornava mais importante para mim a cada dia, e tudo valia a pena para ficar perto dela. Você deve ter a impressão de que eu estava obcecado por ela, mas, não era isso. Eu estava gostando mesmo da Mell.
   À noite voltei lá. Fazia frio e o céu estava estrelado. Ela estava me esperando em frente à casa. Fiz um leve sorriso. Entramos, ela falou para irmos para a beira da piscina, lá poderíamos conversar melhor.
- Meu pai pisou na bola outra vez. Olha Denn, se você quiser se afastar de mim, eu vou entender tá? – Falou ela, sentando na espreguiçadeira.
- E quem disse que é isso que eu quero? – Respondi.
- Mas eu também não quero. Eu só não quero ser problema pra você. – Ela falou, quase chorando. Abaixei, passei a mão pelo seu cabelo, e falei.
- Mell você não é um problema.
- Não é o que tá parecendo.
- Pois tá parecendo errado. – A essa altura do campeonato a nós já estávamos próximos demais.
- Denn, eu tenho que te falar uma coisa.
- Eu também, tenho uma coisa pra te dizer.
- Já faz tempo que eu quero te falar isso Denn, mas sempre eu fico com vergonha.
- Eu acho que já tá mais do que na hora de te falar que... – Não terminei a frase, preferi fazer, em vez de dizer o que estava com vontade a muito tempo. Beijei a Mell. E foi bom, ela correspondeu.

   Me senti estranho. Com umas sensações que já tinha escutado falar, mas que nunca tinha sentido. Era só um beijo, por quê todo aquele nervosismo? Por quê minhas pernas ficaram tremendo? E aquela coisa estranha na barriga? Será que era vermes? Não, não era vermes, hoje eu sei o que era. Era a sensação que todos sentem quando beija verdadeiramente a pessoa que ama. Eu não sabia, mas eu já amava a Mell. Como explicar, sendo que algumas pessoas procuram a vida toda e não acham a pessoa certa? Ah, essas coisas não tem explicação. Elas acontecem. só isso.
   Foi desse jeito que começamos a namorar escondido. Antes da aula, à noite quando os pais dela iam dormir, daí nós íamos para o jardim, sempre dávamos um jeito de se ver. No começo, pensei que em algumas semanas íamos enjoar um do outro, mas não foi isso que aconteceu, a cada dia ficávamos mais próximos. Era desesperador pensar que tudo poderia acabar. Quando não conseguíamos nos ver, conversávamos pelo celular, mas não era a mesma coisa.
  Eu estava mais que apaixonado, como dizem, arriado os quatro pneus. No meu caso, a direção e o step também haviam sido afetados. E como qualquer outro cara da minha idade, eu queria dar o próximo passo. Não que eu pensasse como os outros garotos da minha idade, que só transavam para contar aos amigos como era bom ser pegador. Eu queria fazer amor com a Mell porque gostava muito dela, e como gostava. Bem, mas nunca tive coragem de conversar sobre isso com ela, tive medo de assustá-la e resolvi que se de acontecer seria naturalmente, o que me restava era esperar rolar um clima e ela dar indícios que também queria. Afinal, nada que é planejado demais sai como queremos. E uma coisa que eu queria alertar, é o caso do sexo seguro. Não era porque decidi que tudo teria que acontecer meio que, de repente, que iria deixar de andar com preservativos comigo. Isso não quer dizer que eu pensasse que minha namorada era uma qualquer, que tivesse AIDS ou coisa assim, o que não dava para esquecer, era da gravidez indesejada, na qual ninguém está privado. Até porque se isso acontecesse, eu não seria tão cafageste aponto de deixar a Mell sozinha. Na escola, sempre alertavam sobre o uso do preservativo, mas parece que as pessoas esquecem, se todos levassem a sério, não haveria tanta criança abandonada, nem tantos jovens com HIV.
   Bem, era uma típica noite fria de domingo, dia da minha folga no trabalho. Mell falou que os pais haviam viajado, e que podíamos ficar juntos.

   A rua estava deserta, havia acabado de chover, Mell abriu o portão, entrei rapidamente.
   Minha namorada estava simplesmente linda. Nunca tinha visto ela tão simples.  Estava com os cabelos molhados e com uma roupa de dormir. Me abraçou, senti que buscava calor. Fomos para a sala. Ela sentou no sofá e eu deitei em seu colo. Ficamos rindo, assistindo TV.
- Porque você tá olhando assim pra mim Denn? – Perguntou ela quando percebeu a maneira que eu observava seus gestos. Era impressionante como eu gostava daquela garota, o jeito de olhar, o sorriso, até o jeito de franzir a testa. Falei para ela o quanto ela era linda.
- Pode até ser, mas eu não chego aos seus pés. O único problema do nosso namoro, é que eu não posso fazer inveja as outras garotas, elas morreriam se me vissem desfilando por aí com um moreno sarado desses.
- Conta outra mell. – Falei envergonhado. As pessoas me falavam que eu era bonito, mas isso me fazia ficar com vergonha. Ficamos ali jogando conversa fora por um tempo.
   Do nada a Mell levantou e disse que tinha uma coisa para me mostrar. Fomos para o quarto dela. Chegando lá, comecei a perceber o que estava rolando. Comecei a ficar nervoso.
- Entra Denn. – Falou ela, abrindo a porta.
- Por que você me chamou aqui? – Falei.
- Não sei se você já percebeu, mas, eu nunca... ah você sabe.
- Eu sei, você ainda não teve sua primeira vez. Eu já percebi sim.
- Eu espero que você não me ache uma boba por isso. – Falou ela.
- Eu nunca vou te achar boba, muito menos por isso.
- Sabe, minha mãe disse que sexo é uma coisa muito importante. E eu queria que isso só acontecesse, quando eu tivesse certeza que gostava mesmo de uma pessoa. Denn você é essa pessoa. Ah meu Deus, eu tô sendo uma idiota.
- Não, pode continuar, eu já falei que eu nunca vou pensar essas coisas de você.
- Eu não tenho mais nada pra falar, além de dizer que eu gosto muito de você, tanto, que até me dá medo as vezes.
- Você não precisa ter medo de gostar de mim. Antes, eu torrava a cabeça tentando entender as coisas estranhas que eu sentia quando você estava por perto. Quando você viajou nas férias, eu manjei tudo. Foi daí que eu comecei a perceber o que eu realmente sentia. Saudade, desespero, solidão, eu fiquei completamente sem chão. Eu não sou muito ligado nesse negócio de ser romântico, mas uma coisa não saiu da minha cabeça.
- O quê?
- Você é como se fosse meu chão, sem você eu não tenho onde pisar. Seria um exagero dizer que eu morreria por você ou coisa assim, mas eu já tentei imaginar como seria minha vida sem você por perto e me dá medo só de pensar que tudo isso pode acabar. – Ela me abraçou, fechei os olhos e busquei sua boca. E encontrei, mas me deu vontade de parar para falar uma coisa. Uma coisa complicada e difícil de dizer, mas que naquele momento era o que eu queria que ela soubesse. – Mell.
- Oi.
- Eu amo você. – Falei.
- Você é um fofo sabia? – Falou ela sorrindo. – E eu também amo você Denn.
   Senti seu cheiro que ficava mais gostoso na área do pescoço. Percebi que ela gostava daquilo, tanto que fechou os alhos, por isso não parei. Depois senti sua mão quente passando por baixo da minha camisa, ela a tirou devagar, arrepiei com seu toque. Fiz o mesmo com sua roupa. “Não sabia que você podia ficar ainda mais linda.”
   Lá estava a mulher da minha vida, nua na minha frente. Foi bom a sensação de tê-la só para mim. Ela pegou o preservativo em meu bolso. Me deixou praticamente nu. Sei que ela teve a mesma sensação que tive. Que meu corpo e minha alma eram só dela. Pegou em minha mão e me levou até sua cama, terminou de tirar minha roupa. Foi tudo lento e bom. Senti o som do seu prazer, meio que, misturado com medo. Sabíamos muito bem o que queríamos, nada foi forçado.
   Bem, quando acordei na manhã seguinte, percebi logo de cara que não tem melhor maneira de acordar do quando estamos perto da pessoa que amamos. Pode parecer cafona, mas, minha primeira vez foi a melhor que alguém já teve. Estava abraçado ao corpo nu da Mell. A cama dela é o melhor lugar que existe. Ela ainda dormia. Beijei seu rosto. Linda, isso que ela é.
   Ops! A campainha tocou. Deviam ser os pais dela. E eram. Gritavam o nome da mulher que eu amo sem parar. Mell acordou assustada. Falei para ela se acalmar.
- Denn é meu pai.
   O velho apareceu no quarto de repente. E me viu pelado, deitado ao lado da filha dele. Começou a berrar. Tirou um dos sapatos e arremessou em minha direção, por sorte, errou. Enquanto eu tentava acalmá-lo, Mell vestia a roupa. Coitada. Não consegui fazer com que ele ficasse tranqüilo, pelo contrário. Me senti obrigado a dar no pé. Corri pelo corredor e o velho veio atrás de mim, detalhe, eu ainda estava pelado. Caraca! ele era muito insistente. Dei de cara com a mãe da Mell na sala, ela gritou quando me viu sem roupa.
   Nunca cansei tanto, principalmente quando corri até a cozinha. Cobri a zona-proibida com a tampa de uma panela, mas o velho foi em busca de outra coisa para acabar comigo. Quando percebi, ele já estava ao meu lado, com uma faca. Daí a Mell e a mãe apareceram implorando para ele não fazer o que ele tanto queria (me matar). Ufa! Elas me salvaram.
  O Levaram até o escritório para que ele se acalmasse, enquanto isso fui me vestir no quarto. Ficamos combinados de conversarmos depois. Gostei de ver uma coisa! A Mell foi super corajosa, enfrentando o pai quando ele proibiu nosso namoro outra vez, ela falou que se ele fizesse outro escândalo daqueles, não a considerasse filha dele, que já era uma mulher, e que já sabia decidir o que era melhor para ela. Gostei de ver aquilo, não uma família brigando por mim, mas uma pessoa que gostava de mim, provando para o pai, que não era mais uma pirralha e que já sabia tomar suas próprias decisões.
Epílogo...
   Saí em direção à rua, mas escutei a voz da Mell me chamar. Me virei, ela passou pelo portão e ela veio em minha direção. Sério, nunca vi uma cena tão linda.
- Que mico hein? – Falou ela.
- Desculpa por eu ter feito você passar por isso. – Falei.
- Uma hora isso iria acontecer, meu pai tem que enfiar na cabeça que eu não sou mais uma criancinha.
- Mesmo assim, eu fiquei envergonhado.
- Por que a preocupação, hein? – Falou ela, passando a mão no meu rosto. – Você não acha que valeu a pena?
- Muuuuuuuuito. – Falei, rindo. – Eu enfrento seu pai mais um milhão de vezes por outra noite daquelas. – Ela sorriu.
- Eu não me arrependi de nada. Então vai se preparando, você vai enfrentar meu pai ainda muitas vezes. – Ela começou a rir, mais do que o esperado.
- O que foi? – Perguntei, ela não parou.
- Você correndo pelado pela minha sala. Cara! Foi muito engraçado.
- Vai rindo, vai chegar sua Mell.
- Eu te amo sabia? – Falou ela, parando de rir e me olhando fixo.
- Vem cá, prova o que cê tá falando... – Falei, antes de puxar ela e dar um beijo delicioso.
- Anda, vai embora antes que eu perca a cabeça. – Falou ela.
- Ta bom, concordo com você. – Quando dei as costas senti um tapa certeiro no trazeiro.
- Tchau gostoso. - Ela falou, eu ri.

Para Mellissa: Amor, não sei até quando tudo isso vai durar. Essas coisas malucas que acontecem com a gente, mas que depois acabam sendo motivo de risos. Não me arrependo de nada que fiz para ficar perto de você, cada minuto está valendo a pena, seu pai nem ninguém vai conseguir me afastar dessa delícia de morena (Você). Não resta dúvidas de que eu sou mais liso que seu cabelo preto, e se isso não te intimida, à mim muito menos. Talvez no futuro isto importe, mas o futuro ainda não chegou o presente sim, esse me importa e estou contente com ele. Não concordo quando dizem que sexo é tudo, mas na minha opinião ele é muito importante. No meu caso ele só veio me provar uma coisa, o quanto Eu Te Amo.
Por Denniel...

P.S: O pai da Mell Ainda não me aceitou.
                                                                                                                 
Dedicado a uma pessoa muito especial com as iniciais K.A                                                                                                                                  
Autor: Cícero Darllan